Diário de Caratinga - edição de 16/04/2024
Com o coração ainda batendo tristeza, recordamos a morte de Ziraldo, nosso ídolo maior, nossa estrela mais brilhante, nossa figura mais genial.
Sua vasta atividade e seus inúmeros dons apontam para o escritor, o cartunista, o jornalista, o teatrólogo, o desenhista.
Saiu de Caratinga ainda cedo e, receoso diante da nova caminhada, disse: “se eu não der certo aqui fora, tenho para onde voltar.” Ele sabia que Caratinga era seu lugar, sua cidade, seu ninho.
Foi sempre sucesso em tudo o que fez. Fundou O Pasquim, um jornal que lutou bravamente contra a ditadura evidenciando o empenho pela liberdade, pela democracia, pelo progresso.
Seus livros para o público infanto-juvenil fazem o encantamento de leitores do Brasil e do mundo. O Menino Maluquinho é sua obra-prima. Foi traduzido para vários idiomas e constituiu o maior sucesso editorial de todos os tempos.
Quando iniciei minha lida com a literatura, ele me deu capa e prefácio para os meus dois primeiro livros: Balão azul e Boneca de Pano. Quando lancei o Balão Azul no Rio de Janeiro na livraria Murinho, lá estava o Ziraldo dando-me a honra de sua presença, levando também o artista Grande Otelo para me prestigiar.
Fiquei muito grata e resolvi fazer-lhe uma homenagem. Reuni muitos amigos e apresentei sua vida no palco do Cine Itaúna, numa festa de música, danças e poesia.
Ao completar 80 anos, organizei outra homenagem cumprindo um desejo dele de ganhar um desfile com as escolas. Arregacei as mangas e fiz o desfile. As escolas aceitaram participar com muita alegria. A abertura foi feita com o nosso Agnaldo Timóteo cantando “Quando em minha terra eu voltar.” Ziraldo chorou de emoção. Cada escola desfilava mostrando um de seus livros. A Escola Menino Jesus de Praga, mostrou o Menino Maluquinho com mais de 100 crianças com panela na cabeça. Ele também se emocionou quando as crianças com deficiência auditiva desfilaram com gestos. No final, ele agradeceu e disse que aquele momento tinha sido o mais feliz de sua vida. Fiquei muito contente de ter lhe dado o seu momento mais feliz.
Aproveitei a festa e lancei um livro sobre ele chamado Maluquices do Maluquinho, ilustrado pelo EDRA. As crianças gostaram muito porque abordei seu tempo de criança, época em que há pouca referência sobre sua vida.
Amou Caratinga e sempre se preocupava com seu progresso. Nosso atual coreto da Praça das Palmeiras foi projetado pelo grande arquiteto Oscar Niemeyer a pedido dele.
No governo de Ernani Campos Porto, tendo Célia Bomfim como secretária de Educação, Ziraldo ganhou uma estátua do Menino Maluquinho, que passou a ser ponto turístico de nossa cidade.
Ganhou também muitas homenagens do nosso cartunista EDRA com os salões de humor.
Vamos sentir sua falta. Agora, é somente a saudade.
Ziraldo é eterno. Continuará vivo pelo seu legado a enriquecer a literatura e a arte de todos os tempos.
Vá em paz, querido. Você merece a alegria eterna por ter eternizado a alegria entre nós.
(Marilene Godinho)
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