domingo, 13 de junho de 2021

Edra e Seus “Rabiscos Confinados” Marcam Reabertura da Casa Ziraldo de Cultura


 

CARATINGA- Muitos artistas aproveitaram o isolamento social imposto pela pandemia para produzir. É o caso do cartunista Élcio Danilo Russo Amorim, o Edra, que fez centenas de desenhos, os quais transformou em quatro volumes do livro “Rabiscos Confinados”. A exposição acontecerá dos dias 14 a 18 de junho e será aberta ao público com todas as medidas de segurança, no horário de 9h às 11h e de 13h às 17h, na Casa Ziraldo de Cultura. O lançamento dos livros acontecerá no dia 23 de junho, de 19h às 23h, no ginásio do Centro Universitário de Caratinga (Unec) com a presença dos 140 autores. Em entrevista à repórter Nohemy Peixoto, Edra dá detalhes do livro e do projeto: 

Como nasceu o projeto “Rabiscos Confinados”? Esse projeto nasceu da ociosidade imposta pela pandemia. No início, uma coisa que não sabíamos quanto tempo ia durar, o que significava, quais as consequências. E optamos no isolamento de assistir um filme, ler um livro e, buscando alguma atividade para preencher o dia, para a situação não ficar tão tensa, tão preocupante. Foi quando, de repente, à noite, fora do meu ambiente de trabalho, com a caneta não mão, comecei a rabiscar algumas folhas em branco que estavam ao meu lado. E foram surgindo desenhos, de forma despretensiosa vi que estavam surgindo coisas totalmente diferentes, inusitadas, nada que se refere aos 41 anos que milito na área de cartum, quadrinhos e caricaturas. Foi uma experiência totalmente nova. E o resultado dos desenhos foi pra mim muito surpreendente, comecei a postar nas redes sociais, os amigos todos acharam muito interessante esse trabalho, sobretudo, artistas plásticos. Aquilo me despertou maior curiosidade e a cada dia achava que não sairia mais nada, mas, eu sentava na mesa, depois do expediente e foram surgindo desenhos das mais variadas formas. E o interessante desses desenhos é que cada um na sua visão fazia uma interpretação. Muitas vezes era um desenho com expressão de tristeza, rancor, ansiedade, alegria; toda as emoções possíveis, mas, nem sempre estava de acordo com o que meu estado realmente estava. E cada um também, na sua visão fazia sua interpretação, então, deu um leque de interpretações e no decorrer do tempo fiquei realmente condicionado a todo dia dar uma pausa para esses desenhos. Foi quando atingi 40 desenhos, depois foram 80, 120... Parei em 365 desenhos. Vi que o resultado final ficou muito interessante. 

Como surgiu a ideia de uma exposição e livro com diversos autores? Me veio no primeiro momento fazer uma exposição, que na verdade marca um momento histórico da humanidade. É um registro de todo esse momento que estamos vivendo. Pensei também em dar uma certa perenidade a esse trabalho, através da publicação de livros. No primeiro momento ia publicar somente os meus desenhos, foi quando pensei, já que ouvia muitas pessoas comentando comigo de determinado desenho ou outro, em convidar alguns amigos para que participassem do livro com seu texto, não necessariamente ligado ao desenho, mas, uma experiência pessoal. A forma que ela enfrentou, as consequências que teve, que ela viu esse momento, o que mudou em sua vida. Cada um foi fazendo o seu depoimento pessoal, isso com certeza enriqueceu ainda mais. E, para minha surpresa, acabou resultando na participação de 140 pessoas. 

Como foram distribuídos os textos? A publicação se dará em quatro volumes. O primeiro: “A força e importância da arte em nossas vidas. A Arte Salva”, realmente foi um exemplo particular muito grande, todos nós recorremos à musica, aos vídeos, leitura. Foi um suporte muito importante para nós. O volume 2, o qual tem o título: “Para ver com os olhos e enxergar com a alma”. O terceiro volume: “Ao folhear cada página, um caminho de esperança”. E o volume 4: “Reflexões diante de traços enigmáticos”. 

Como foi a escolha dos autores? É bom frisar que diante da participação desses amigos que eu convidei, tem profissionais de todas áreas, níveis sociais, cultural, de forma a ficar uma visão abrangente. Uma das grandes lições que essa pandemia vem nos trazendo é justamente que ninguém é mais do que ninguém, nosso tempo, nossa vontade, desejo, não só da vontade de Deus, mas, também que temos que parar um pouco. Muitas vezes, na correria da vida, não paramos para pensar na nossa própria vida, atitudes, forma de ser. Então, um saldo positivo, apesar de toda tristeza, toda a tragédia, esse momento de nos vermos as pessoas que estão ao nosso redor com outros olhos, outra forma de interpretar. Pra mim foi um grande benefício e estou feliz agora de poder fazer esse registro em forma de exposição, com lançamento desse livro. 

E o evento marca a retomada de atividades da Casa Ziraldo de Cultura... De uma forma muito emocionante, esse evento vai marcar a reabertura da Casa Ziraldo de Cultura, um espaço que valoriza a cidade, foi um divisor de águas em Caratinga e eu tenho a esperança que esse espaço volte a ter as atividades, o espaço que sempre ofereceu aos artistas locais, exposições das mais diversas e quando tudo voltar ao normal possa estar aberta ao público de forma bem efetiva. 

Como funcionará a exposição e o lançamento? Serão duas etapas, a primeira na Casa Ziraldo com a exposição aberta ao público, gratuitamente, com todas as medidas de segurança, álcool em gel, uso de máscara. As pessoas poderão também adquirir o seu livro, que estará à venda. Para evitar aglomeração, estarão expostos parte dos desenhos do livro. Finalmente, 23 de junho, dentro da programação de aniversário da cidade, vai haver o lançamento oficial com os 140 desenhos que compõem o livro e com a participação dos 140 autores que enriqueceram essa publicação com seus textos e experiências de vida. 

Quais são suas considerações finais? Quero convidar a todos vocês que estão ansiosos para ter uma atividade cultural, um momento de lazer, a exposição estará aberta, com todos os cuidados. Você pode ter oportunidade de, aos poucos, voltarmos a nossa normalidade e nada melhor do que um momento de arte, contemplação, com toda a segurança que se faz necessária

Diário de Caratinga - 13 de junho de 2021

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